domingo, 16 de novembro de 2008

COM MEUS BOTÕES



Conheça a Princesa
Zezé Esteves

Imaginem morar numa cidade localizada a apenas 108 km da capital da Bahia, com quase 600 mil habitantes, geograficamente localizada num dos maiores entroncamentos rodoviários do interior do país e o maior do Norte e Nordeste. Imaginem ainda uma cidade cortada por três rodovias federais e cinco estaduais, num entreposto que liga o Nordeste ao Centro Sul do Brasil, numa concentração diversificadíssima de mercadorias e população.

Assim é o município de Feira de Santana, a “Princesa do Sertão”, como assim denominou Ruy Barbosa, numa visita à cidade. Deste entroncamento rodoviário e de raças, surge o feirense vaqueiro, feirense comercial, feirense geográfico resultante do “ polígono das secas” ou o feirense por adoção.

Adotar Feira não é difícil. Eu o fiz há 28 anos quando aqui cheguei carregada de sonhos de adolescente. A princípio, o namoro entre nós, as primeiras deduções.

Deduzi por exemplo que não seria complicado amá-la, pois já estava toda prosa, de braços abertos a me acolher. É certo que não oferecia os atrativos de hoje: shoppings centers, cinemas, excelentes hotéis, teatros, emissora de TV, várias faculdades, restaurantes maravilhosos.

Sua sedução era sutil. Já ostentava suas igrejas, o Observatório Antares que se constitui de um enorme centro de pesquisas no campo das ciências astronômicas e física solar; a UEFS, que é uma universidade estadual que hoje oferece dezenas de cursos de graduação, pós, mestrado e doutorado; e muito, muito orgulho de sua origem.

Origem cantada em versos pelos trovadores de viola facilmente reconhecidos até hoje num dos pontos turísticos da cidade: o Mercado de Arte Popular – MAP, antigo Mercado Municipal que a partir de 1914 abrigou por décadas o comércio de secos e molhados e era o principal ponto da grande feira de gado que acontecia todos os sábados e segundas-feiras, reunindo caboclos do sertão que negociavam os produtos nordestinos.

O prédio do MAP foi tombado em 1992 pelo IPAC e é hoje um espaço amplo para os visitantes que desejam assistir a uma roda de capoeira, encontrar toda espécie de artesanato, comidas típicas e outros ítens da vida nordestina.

Os versos dos trovadores falam da Fazenda Santana dos Olhos D´Água de propriedade do português Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, que construíram uma capela em torno da qual surgiu a feira de gado no início do século XVIII.

Versos que falam da cidade de Feira como a segunda em população do Estado, perdendo apenas para a capital, Salvador, e como sendo a maior que das capitais brasileiras Aracaju, Vitória, Florianópolis, Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista e Macapá, segundo o IBGE.

Versos entoados em ritmo de forró nos Distritos de São José, Bonfim de Feira ou Humildes onde acontece no mês de junho a grande festa típica popular que guarda as tradições do São João do nordeste brasileiro.

Versos em ritmo country na EXPOFEIRA, exposição agropecuária anual com duração de uma semana.

Versos que reúnem todos os ritmos e todas as tribos de diversos estados e países atrás de trios elétricos numa explosão de alegria na festa popular mais famosa da cidade criada em 1937, a MICARETA. A primeira no mundo!!

Venha conhecer também a Princesa do Sertão e conferir de perto ou, quem sabe, se tornar mais um poeta dos nossos versos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto cara colega. Muito bom! Você me fez viajar no tempo... como feirense nata "viagens" assim faz um bem enorme. Beijos