sábado, 31 de dezembro de 2011

Nada será como antes



Dias atrás em meio aos preparativos das festas de fim de ano, perguntei a um amigo onde ele iria passar a noite do reveillon. “Em casa dormindo. Será uma noite igual às outras”, respondeu. Esta resposta me fez refletir um pouco. Acredito que nenhuma noite é igual a outra. Nenhum segundo é igual ao outro. Numa pequena fração de tempo tudo pode acontecer.

Enquanto no Brasil dormimos comemorando número de empregos formais no país, acordamos calculando como vamos pagar o IPVA, IPTU, fardamento, material e matrícula escolar.

Enquanto milhares de pessoas comemoram o tradicional reveillon na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, perto dali crianças são usadas para o tráfico de drogas.

Enquanto bebês nascem à meia noite do último dia do ano, mães choram em silêncio temendo não poder alimentá-los, vesti-los ou educá-los adequadamente.

Enquanto muitos oferecem presentes a Iemanjá ou rezam e agradecem a Deus por graças alcançadas, outros nem se lembram Dele.

Enquanto canais de televisão mostram a retrospectiva do ano que passou, nos questionamos atônitos o porquê das guerras ou de tantas tragédias naturais, com fortes chuvas e enchentes, cidades inteiras destruídas e milhares de morrendo.

Enquanto índices de popularidade de presidentes, jogadores de futebol e artistas são altamente divulgados pela mídia, comemorados por especialistas e explorados por políticos, milhares de pessoas sequer têm o que comer regularmente.

Enquanto sonhamos com calçados novos para as festas, centenas de pessoas sonham com o dia em que poderão colocar os pés no chão e voltar a andar.

Enquanto escrevo este texto todos estamos envelhecendo a cada fração de segundo e esta é a única realidade inabalável. Todas as outras só dependem de nós mesmos. E como diz Lulu Santos, “nada do que foi será do jeito que já foi um dia”.

Feliz segundo novo pra todos vocês!!

Zezé Esteves