AKMIM, ZICO OU SENA?
Por Maria José Esteves
Personagem assume a realidade de Akmim
Personagem assume a realidade de Akmim
Akmim Soleiman de Macêdo nunca conheceu pessoalmente o piloto Ayrton Senna tampouco já conversou com o jogador Zico. Mas entre eles existe um mundo em comum. O mundo do Zico Senna, personagem criado por Akmim. O homem de 45 anos, paraibano de Picuí, com descendência árabe, pai de três filhos, ex-motorista de ônibus, não sabe exatamente quando o Akmim deixa de existir para dar vida ao Zico Senna. Suas vidas estão incrivelmente interligadas.
Em meio a bicicletas e carros incrementados com muitos chifres, recortes de jornais, adesivos, mensagens, flores e outros detalhes que ele considera indispensáveis como as fotos de Ayrton Senna e a bandeira do Brasil, Akmim sentado num pequeno banco, vestido com uma camisa cheia de “buracos” feitos de tesoura, começa a narrar uma história cheia de aventuras: a história da sua própria vida.
Parte dela passa por uma forte decepção amorosa e do acidente que diminuiu sua capacidade visual devido ao estouro de uma bateria automotiva próximo aos seus olhos. Akmim foi afastado do trabalho e optou por viver ora no mundo real ora entre realidades criadas para o Zico Senna.
Com entusiasmo de adolescente, conta que em 1994 o personagem Senna surgiu durante uma partida de futebol, no estádio do “Barradão” em Salvador, pelo Campeonato Brasileiro. No intervalo do jogo teve a idéia de entrar em campo caracterizado como o piloto Ayrton Senna e a torcida do Esporte Clube Vitória (seu time de coração), começou a gritar “Senna, Senna!!”. No ano seguinte, por seis meses, ele próprio montou seu carro de “Fórmula 1”, companheiro fiel de algumas das suas aventuras.
Já o personagem Zico surgiu a partir da sua paixão pelo ex-jogador flamenguista que, segundo ele, sempre representou bem o país e honrou a camisa do Flamengo. “Um homem honrado, bom pai de família e jogava com amor”, diz.
Antes de aventurar-se pelo Brasil com suas bicicletas coloridas, seu carro de corrida, ou seu trio elétrico, a sua história em Feira de Santana começa em 1985 ao desembarcar na rodoviária da cidade, sem rumo. Não sabia se ia para Salvador ou São Paulo. Segundo ele, quis o destino que, naquele dia, conhecesse um cabo eleitoral, o qual não se recorda do nome que compadecido da situação o apresentou ao então candidato a prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins. Este fez um bilhete e o encaminhou para a Viação Autocel onde fora aprovado num teste para motorista. A partir deste dia, passou a dormir na própria garagem da empresa. Depois trabalhou como motorista particular e em outras empresas de ônibus a exemplo da Novo Horizonte, de Salvador, que lhe traz boas recordações.
Zico Senna atualmente se divide entre morar em duas casas. Uma com a esposa e três filhos, outra com sua tia Diamila Haled que o ajuda a cuidar, dos inúmeros troféus, fotos, capacetes decorados, recortes de jornais com matérias sobre ele e dos seus carros e bicicletas exóticas e que, vez ou outra, o interrompe quando seus comentários são inadequados para o momento. Cuida ainda da imagem de Nossa Senhora Aparecida doada por um padre quando da visita de Zico Senna a Aparecida do Norte, em São Paulo.
ZICO SENNA AVENTUREIRO
Diante de uma espécie de catálogo repleto de fotos que registram suas aventuras pelo Brasil, Zico Senna narrou por quase quatro horas algumas delas. Falou do sonho que possuía em participar da corrida de São Silvestre, mas não tinha recursos financeiros para tal. Contando com a ajuda do falecido senador Luiz Eduardo Magalhães que o conheceu em 1995, durante uma partida de futebol em Salvador, seu sonho foi realizado. A partir daí, todos os anos participa da São Silvestre e cheio de orgulho comenta: “Ao receber minha primeira medalha doei ao doutor Antonio Carlos Magalhães, pai de Luiz Eduardo, que chorou de emoção com minha homenagem”. Além da São Silvestre, participou algumas vezes em Belo Horizonte, da Volta Internacional da Pampulha que é uma maratona anual.
Em meio a bicicletas e carros incrementados com muitos chifres, recortes de jornais, adesivos, mensagens, flores e outros detalhes que ele considera indispensáveis como as fotos de Ayrton Senna e a bandeira do Brasil, Akmim sentado num pequeno banco, vestido com uma camisa cheia de “buracos” feitos de tesoura, começa a narrar uma história cheia de aventuras: a história da sua própria vida.
Parte dela passa por uma forte decepção amorosa e do acidente que diminuiu sua capacidade visual devido ao estouro de uma bateria automotiva próximo aos seus olhos. Akmim foi afastado do trabalho e optou por viver ora no mundo real ora entre realidades criadas para o Zico Senna.
Com entusiasmo de adolescente, conta que em 1994 o personagem Senna surgiu durante uma partida de futebol, no estádio do “Barradão” em Salvador, pelo Campeonato Brasileiro. No intervalo do jogo teve a idéia de entrar em campo caracterizado como o piloto Ayrton Senna e a torcida do Esporte Clube Vitória (seu time de coração), começou a gritar “Senna, Senna!!”. No ano seguinte, por seis meses, ele próprio montou seu carro de “Fórmula 1”, companheiro fiel de algumas das suas aventuras.
Já o personagem Zico surgiu a partir da sua paixão pelo ex-jogador flamenguista que, segundo ele, sempre representou bem o país e honrou a camisa do Flamengo. “Um homem honrado, bom pai de família e jogava com amor”, diz.
Antes de aventurar-se pelo Brasil com suas bicicletas coloridas, seu carro de corrida, ou seu trio elétrico, a sua história em Feira de Santana começa em 1985 ao desembarcar na rodoviária da cidade, sem rumo. Não sabia se ia para Salvador ou São Paulo. Segundo ele, quis o destino que, naquele dia, conhecesse um cabo eleitoral, o qual não se recorda do nome que compadecido da situação o apresentou ao então candidato a prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins. Este fez um bilhete e o encaminhou para a Viação Autocel onde fora aprovado num teste para motorista. A partir deste dia, passou a dormir na própria garagem da empresa. Depois trabalhou como motorista particular e em outras empresas de ônibus a exemplo da Novo Horizonte, de Salvador, que lhe traz boas recordações.
Zico Senna atualmente se divide entre morar em duas casas. Uma com a esposa e três filhos, outra com sua tia Diamila Haled que o ajuda a cuidar, dos inúmeros troféus, fotos, capacetes decorados, recortes de jornais com matérias sobre ele e dos seus carros e bicicletas exóticas e que, vez ou outra, o interrompe quando seus comentários são inadequados para o momento. Cuida ainda da imagem de Nossa Senhora Aparecida doada por um padre quando da visita de Zico Senna a Aparecida do Norte, em São Paulo.
ZICO SENNA AVENTUREIRO
Diante de uma espécie de catálogo repleto de fotos que registram suas aventuras pelo Brasil, Zico Senna narrou por quase quatro horas algumas delas. Falou do sonho que possuía em participar da corrida de São Silvestre, mas não tinha recursos financeiros para tal. Contando com a ajuda do falecido senador Luiz Eduardo Magalhães que o conheceu em 1995, durante uma partida de futebol em Salvador, seu sonho foi realizado. A partir daí, todos os anos participa da São Silvestre e cheio de orgulho comenta: “Ao receber minha primeira medalha doei ao doutor Antonio Carlos Magalhães, pai de Luiz Eduardo, que chorou de emoção com minha homenagem”. Além da São Silvestre, participou algumas vezes em Belo Horizonte, da Volta Internacional da Pampulha que é uma maratona anual.
A imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo já registraram em jornais o Zico Senna em meio a centenas de concorrentes. Conhecido como o “Rei do Pedal”, apesar de nunca ter conseguido chegar entre os primeiros, ele consegue chamar a atenção da mídia pela sua irreverência. Guardadas como um tesouro num quartinho cuidado pela sua tia Diamila, estas matérias e inúmeras fotos ajudam a contar sua história.
Quem assistiu pela Rede Globo a transmissão da corrida de Fórmula 1 (F1) que aconteceu em Interlagos, no último domingo de novembro de 2004, pôde testemunhar uma entrevista do Akmim, ou melhor do Zico Senna, comentando sobre a corrida. Esta história ele conta cheio de entusiasmo e diz ter iniciado em 12 de outubro do mesmo ano, quando despachou sua bicicleta numa transportadora e partiu de ônibus de Feira de Santana com destino a São Paulo. Sua intenção era homenagear Viviane Senna (irmã de Ayrton Senna) e Irmã Dulce, pedalando de Aparecida do Norte a Interlagos, onde chegou sete dias depois. “Depois de pedalar 240 quilômetros, consegui conversar com Viviane Senna por quinze minutos”, comenta.
O contato entre os dois foi intermediado pela equipe da Rede Globo que depois de encontrá-lo instalado na entrada de Interlagos, o entrevistou e o convidou para assistir à corrida e conhecer os bastidores dos boxes de F1. Segundo ele, conheceu pilotos famosos como Rubinho, Schumaker e outros. “Schumaker tentou montar minha bicicleta e não conseguiu. Pena que lá dentro não é permitido fotografar os pilotos e os seguranças não tiram os olhos da gente”, conta. Parte desta aventura está registrada no Jornal Agora, nº 2045, do estado de São Paulo, de 25 de outubro de 2004.
Não se sabe ao certo como as diversas facetas da personalidade se misturam no pensamento de Zico Senna, mas ele conta que o piloto Alan Hellmeister, Bi Campeão 2002 de IC Sudan de Kart, durante sua visita a Interlagos, lhe deu carona no seu carro particular, o hospedou por oito dias num dos postos de gasolina da família e manteve alguns contatos com ele. Diz ainda ser reconhecido por Galvão Bueno e Kleber Machado, comentaristas de esportes da Rede Globo.
ZICO SENNA E AS HOMENAGENS
Zico Senna adora homenagear. Traça planos e os põe em prática por mais mirabolantes que pareçam ser. A profissão de rodoviário parece exercer um certo fascínio sobre ele talvez em razão da sua ex-profissão de motorista. Vez ou outra resolve homenageá-los. Já decidiu, por exemplo, decorar cuidadosamente um pneu de ônibus, e sair rolando o mesmo por cinco dias entre Feira de Santana e Salvador.
Conta entusiasmado seus planos para 2005 que inclui pedalar sua bicicleta de Feira a Brasília, em nova homenagem aos rodoviários e em sinal de protesto. “O motorista precisa de segurança nas estradas, e saber que não se deve usar drogas como o arrebite”, comenta com tom de voz firme. Preocupa-se ainda com o fato de que os motoristas precisam contribuir para a previdência pública, para um futuro mais tranqüilo em caso de doença ou aposentadoria. “Todo trabalhador tem que contribuir” enfatiza.
Outras homenagens exigiram de Zico Senna preparo físico e muita coragem. Em outubro de 2002, percorreu de joelhos cerca de quatro quilômetros no trajeto da Prefeitura Municipal ao Bairro dos Capuchinhos, em Feira, das nove às dezesseis horas. Para ele, uma homenagem ao eleitor brasileiro. Em outra ocasião, amarrou seu carro de “Fórmula 1” na própria cintura e por dezesseis dias o puxou pela Br 324, de Feira com destino a Salvador e vice-versa, em homenagem a Irmã Dulce e Luiz Eduardo Magalhães. “Sofri muito, foi a homenagem mais difícil”, afirma.
Desafiado pelo ex-candidato a vereador local, João Ciclista, pedalou pela avenida Presidente Dutra, em Feira, por oito horas e meia com sua bicicleta que pesa 76 quilos. Para ele se tratava de uma homenagem ao Dia do Trabalhador.
AKMIM, O MOTORISTA
Zico Senna adora narrar suas histórias de quando exercia a profissão de motorista. De motorista particular a motorista de ônibus nas empresas Transul, Princesa e Novo Horizonte, teve a oportunidade de transportar, segundo ele, gente famosa como Sandy e Júnior quando crianças, antiga Banda Reflexus, Banda Beijo “na época que Netinho cantava”, até a banda de Lui Muritiba em companhia de Ivete Sangalo. “Antes de ser famosa, mas muito namoradeira”, como relembra sorridente Zico Senna.
AKMIM, O MOTORISTA
Zico Senna adora narrar suas histórias de quando exercia a profissão de motorista. De motorista particular a motorista de ônibus nas empresas Transul, Princesa e Novo Horizonte, teve a oportunidade de transportar, segundo ele, gente famosa como Sandy e Júnior quando crianças, antiga Banda Reflexus, Banda Beijo “na época que Netinho cantava”, até a banda de Lui Muritiba em companhia de Ivete Sangalo. “Antes de ser famosa, mas muito namoradeira”, como relembra sorridente Zico Senna.
Apesar de fazer questão a todo o momento em frisar sua paixão pelo time do Vitória, teve ainda a oportunidade de transportar os jogadores do Esporte Clube Serrano para competir com o Bahia em Salvador, e os jogadores do rival time do Bahia, na época de ouro de Bobó e Charles, para jogar na cidade de Macaúbas. Nessa viagem acabou atropelando um cavalo na estrada, devido à forte neblina. “João Marcelo vinha na frente, no lugar que o pára-brisa quebrou com o tombo do cavalo e segundo antes passou para o fundo. Foi bom, senão ele podia ter morrido!”, relata com ar melancólico.
AS DECEPÇÕES DE ZICO SENNA
Zico Senna não esconde ter se decepcionado várias vezes com mulheres que passaram por sua vida. A pior decepção, entretanto, foi causada por sua ex-esposa que optou por outro relacionamento. Ao lembrar desse episódio, sua tia Diamila lhe pede que mude de assunto e ele acaba por concordar.
AS DECEPÇÕES DE ZICO SENNA
Zico Senna não esconde ter se decepcionado várias vezes com mulheres que passaram por sua vida. A pior decepção, entretanto, foi causada por sua ex-esposa que optou por outro relacionamento. Ao lembrar desse episódio, sua tia Diamila lhe pede que mude de assunto e ele acaba por concordar.
Passa então a falar do dia que perversamente atearam fogo em seu carro de F1. “Não sei porque fizeram aquilo comigo. Não deu para salvar nada”, lamenta. Diz ter sofrido muito e por dias chorou de tristeza.
Mas o que mais decepcionou Zico Senna, sem dúvida, foi ter sido retirado de campo pela polícia, a mando do diretor do Fluminense de Feira Futebol Clube, conhecido por Caúca. “Naquele dia meu filho estava na arquibancada e me viu sair de campo com a polícia. Foi a pior decepção da minha vida! Não merecia aquilo. Só estava animando a torcida!”, relata quase chorando. E continua: “Ainda teve o descaso do prefeito José Ronaldo que não tomou nenhuma providência. Ele também me decepcionou”, conclui visivelmente abatido.
Zico Senna nos intervalos dos jogos de futebol, tanto em Feira de Santana quanto em Salvador, costuma ir ao centro do campo e com a ajuda dos gandulas que lhe fornece as bolas, delicia a torcida com lances e pênalts imaginários. Sempre caracterizado num misto de piloto de F1 e jogador de futebol, sem esquecer da bandeira do Brasil e do capacete, às vezes simula faltas e cobranças rápidas vibrando com gols que imagina ter feito. É a atração nos intervalos dos jogos!
SURGE MAIS UM PERSONAGEM
O jogador Zico exerce sobre Akmim algo mais que simples admiração. É como se ele desejasse ter sido o próprio Zico. O lado paterno, o Zico profissional, as virtudes pessoais do jogador são constantemente ressaltadas por Akmim. Para ele, não tem defeitos, só virtudes.
Questionado sobre quem ele tem mais admiração, se o jogador Zico ou se o piloto Ayrton Senna, ele responde sem hesitar: “O Senna que mais admiro não é o Senna piloto e sim o Senna que criou a fundação para menores carentes. Este sim era um homem de grande coração “, conclui.
Agora Akmim acaba de adotar um novo personagem que ele denomina de Maluco Beleza. Ao lado de Reginaldo Rossi em recente show, apresentou-se no palco a convite do cantor com um enorme chapéu mexicano e usando jaquetas estilo Elvis Presley. É seu mais novo personagem. Quem teve a oportunidade de ir a Bahia em pleno Carnaval 2005, testemunhou o Maluco Beleza em cima do trio elétrico de “Elis O Terrível”, arrancando aplausos fingindo tocar uma guitarra elétrica.
Parece fácil para Akmim conviver entre tantas realidades. O difícil talvez seja adotar um novo nome para ele se continuar com tantas facetas.
Seja como for, Zico Senna ou Zico Senna Maluco Beleza, Akmim é um ser tradutor da inquietude humana, que está longe de ser estático e vaga pelo mundo movido a emoções. Das emoções que o transforma num ser humano único, singular.
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