Oi! Sou eu!!!...
Por Zezé Esteves
Ui! Que escuro! Onde estou? Que lugar com cheiro familiar! Aqui está muito apertado e muito silencioso...
Horas se passam e aquele lugar continua o mesmo, até que começo a ouvir vozes. Contam piadas, fazem contas e mais contas, às vezes silenciam mas logo recomeçam. Parece que são três pessoas e começam a discutir sobre futebol. Um é torcedor do Flamengo, outro do Palmeiras e o terceiro do Fluminense carioca. Não se entendem. As vozes se exaltam até que alguém pede que parem com a discussão e que trabalhem. De repente, luz...O lugar escuro onde estou tem uma porta, e esta, está aberta agora. Vejo de perto os torcedores que parecem me ignorar. Apenas trabalham feito máquinas, com máquinas.
Uma enorme mão me apanha, me tira daquele lugar e me joga numa espécie de sacola. Fechado ali dentro mais uma vez fico no escuro. O barulho das máquinas aumenta e eu não entendo o que faço ali parado, dentro daquela sacola, até que começo a ser transportado de maneira bastante desajeitada. Sou sacudido para lá e para cá sem piedade. Fico até tonto! Pára. Jogam a sacola no chão. Mais um tombo no escuro.
Alguém nos apanha. Luz outra vez. Uma mão se aproxima. Dá para sentir que era de mulher. Pega-me com delicadeza e me coloca numa gaveta. Fecha. Fico ali alguns minutos ouvindo aquele já familiar barulho de máquinas trabalhando. A gaveta abre e aquela mão macia vem em minha direção, me pega e entrega a uma outra mão grosseira. Se pudesse lhe falar diria que não gostei nada da troca.
Sou colocado numa espécie de pasta e levado dali. Pelo barulho, deduzo que estou num carro. Parece ser novo, pois o barulho é suave e o carro é macio. Viajo quilômetros. Estou gostando da hospedagem na pasta. Faço amizades até! À minha direita, está uma caneta bem simpática que confessa morar ali já algum tempo. Concorda que a mão que nos colocara ali é grosseira, mas que já havia se acostumado. Não tem queixas. O carro pára. Somos levados para um outro local.
Muito barulho. Vozes se atropelam anunciando mercadorias para tentar atrair as pessoas que passam. A pasta se abre, não deu tempo nem de me despedir da minha amiga caneta. Sou apanhado outra vez por aquela mão grosseira que me entrega a outra mão. Percebo rapidamente, pelas rugas, que é uma mão de pessoa idosa. Esta, me coloca numa espécie de sacola de palha, mal cheirosa a peixe e que fica sempre ao seu lado. Estou começando a me sentir mal com aquele cheiro, quando torno a ser apanhado e entre a uma outra mão. Que bom! Já não agüentava mais.
Uma mão jovem, cheirosa, muito cheirosa me pega com carinho e me coloca numa bolsa pequena também cheirosa. Adoro a troca. Coloca a bolsa no seu ombro e me leva dali. O barulho das pessoas que gritavam foi ficando cada vez mais distante até que passa. De vez em quando a bolsa esco9rrega do ombro daquela jovem cheirosa e ela rapidamente me livra de um tombo. Que passeio sensacional! De onde estou, dá para ver tudo, porque a jovem não fechara a bolsa direito. Que lugar maravilhoso!! É aqui que pretendo morar. Tudo limpo, com cheiro agradável, panorâmico, macio. Acabo dormindo. Acordo com o odor agradável daquela mão macia que me apalpa. Olha para mim com certo carinho, como se estivesse sendo uma espécie de prêmio para ela. Engano meu. Entrega-me a uma outra mão que desastradamente me coloca num bolso apertado.
Ui! Ai! Que agonia! No bolso daquele rapaz com cara de rebelde viajo de ônibus alguns quilômetros. Desço do ônibus e o cara de rebelde anda, anda, mas não imagina a situação que ele me colocou. Ou melhor, no aperto em que me encontro. De repente ele pára, mete a mão no bolso e me tira dali com grosseria. Mas até gostei porque me entrega a um outro jovem que me coloca numa caixa de sapato. Há um cheiro muito gostoso de cachorro-quente, quente. Hum!Fico ali ouvindo histórias de pessoas que param e logo saem. São jovens na maioria. Já estou cochilando quando sou apanhado mais uma vez e entregue a um jovem com roupa esquisita.
Ele me trata bem tira meus machucados e me coloca numa bolsa pequena destas que chamam de “pochete” e que usam na cintura. Saímos e que maravilha! Luzes! Luzes coloridas, muitas luzes! Muito barulho também. As pessoas dançam, pulam ao som de carros com um monte de instrumentos musicais e uma banda cantando músicas em ritmos alucinantes. Chamam aquele carro de trio elétrico e a festa de carnaval. Nunca vi nada igual. Mas, o que é isto? Por que esta bolsa sacode tanto? Será que este rapaz não lembra que estou aqui dentro? Pare, pare, já estou ficando tonto...Desmaio...Acho!
Acordo ao lado de um vidro vazio que tem escrito “ lança perfume”. Ele me chama de babaca. Disse que ele só sobrevive porque o ajudo. Acho que ele é meio louco e seu cheiro me deixa tonto. Lá fora o barulho dos trios elétricos acaba e o dia termina de amanhecer. Somos levados à casa do jovem, onde permaneço na companhia daquele vidro maluco por algumas horas.
Alguém me apanha. Estou tão tonto que não sei descrever sua mão. Sou levado de carro até um local que tem um som muito familiar. Máquinas e mais máquinas. Som de teclados e calculadoras. Sou colocado numa gaveta e mais tarde, me levam para um lugar parecido de onde comecei. Ali recebo até um nome. Alguém me chama de dez reais. Dormi...
Horas se passam e aquele lugar continua o mesmo, até que começo a ouvir vozes. Contam piadas, fazem contas e mais contas, às vezes silenciam mas logo recomeçam. Parece que são três pessoas e começam a discutir sobre futebol. Um é torcedor do Flamengo, outro do Palmeiras e o terceiro do Fluminense carioca. Não se entendem. As vozes se exaltam até que alguém pede que parem com a discussão e que trabalhem. De repente, luz...O lugar escuro onde estou tem uma porta, e esta, está aberta agora. Vejo de perto os torcedores que parecem me ignorar. Apenas trabalham feito máquinas, com máquinas.
Uma enorme mão me apanha, me tira daquele lugar e me joga numa espécie de sacola. Fechado ali dentro mais uma vez fico no escuro. O barulho das máquinas aumenta e eu não entendo o que faço ali parado, dentro daquela sacola, até que começo a ser transportado de maneira bastante desajeitada. Sou sacudido para lá e para cá sem piedade. Fico até tonto! Pára. Jogam a sacola no chão. Mais um tombo no escuro.
Alguém nos apanha. Luz outra vez. Uma mão se aproxima. Dá para sentir que era de mulher. Pega-me com delicadeza e me coloca numa gaveta. Fecha. Fico ali alguns minutos ouvindo aquele já familiar barulho de máquinas trabalhando. A gaveta abre e aquela mão macia vem em minha direção, me pega e entrega a uma outra mão grosseira. Se pudesse lhe falar diria que não gostei nada da troca.
Sou colocado numa espécie de pasta e levado dali. Pelo barulho, deduzo que estou num carro. Parece ser novo, pois o barulho é suave e o carro é macio. Viajo quilômetros. Estou gostando da hospedagem na pasta. Faço amizades até! À minha direita, está uma caneta bem simpática que confessa morar ali já algum tempo. Concorda que a mão que nos colocara ali é grosseira, mas que já havia se acostumado. Não tem queixas. O carro pára. Somos levados para um outro local.
Muito barulho. Vozes se atropelam anunciando mercadorias para tentar atrair as pessoas que passam. A pasta se abre, não deu tempo nem de me despedir da minha amiga caneta. Sou apanhado outra vez por aquela mão grosseira que me entrega a outra mão. Percebo rapidamente, pelas rugas, que é uma mão de pessoa idosa. Esta, me coloca numa espécie de sacola de palha, mal cheirosa a peixe e que fica sempre ao seu lado. Estou começando a me sentir mal com aquele cheiro, quando torno a ser apanhado e entre a uma outra mão. Que bom! Já não agüentava mais.
Uma mão jovem, cheirosa, muito cheirosa me pega com carinho e me coloca numa bolsa pequena também cheirosa. Adoro a troca. Coloca a bolsa no seu ombro e me leva dali. O barulho das pessoas que gritavam foi ficando cada vez mais distante até que passa. De vez em quando a bolsa esco9rrega do ombro daquela jovem cheirosa e ela rapidamente me livra de um tombo. Que passeio sensacional! De onde estou, dá para ver tudo, porque a jovem não fechara a bolsa direito. Que lugar maravilhoso!! É aqui que pretendo morar. Tudo limpo, com cheiro agradável, panorâmico, macio. Acabo dormindo. Acordo com o odor agradável daquela mão macia que me apalpa. Olha para mim com certo carinho, como se estivesse sendo uma espécie de prêmio para ela. Engano meu. Entrega-me a uma outra mão que desastradamente me coloca num bolso apertado.
Ui! Ai! Que agonia! No bolso daquele rapaz com cara de rebelde viajo de ônibus alguns quilômetros. Desço do ônibus e o cara de rebelde anda, anda, mas não imagina a situação que ele me colocou. Ou melhor, no aperto em que me encontro. De repente ele pára, mete a mão no bolso e me tira dali com grosseria. Mas até gostei porque me entrega a um outro jovem que me coloca numa caixa de sapato. Há um cheiro muito gostoso de cachorro-quente, quente. Hum!Fico ali ouvindo histórias de pessoas que param e logo saem. São jovens na maioria. Já estou cochilando quando sou apanhado mais uma vez e entregue a um jovem com roupa esquisita.
Ele me trata bem tira meus machucados e me coloca numa bolsa pequena destas que chamam de “pochete” e que usam na cintura. Saímos e que maravilha! Luzes! Luzes coloridas, muitas luzes! Muito barulho também. As pessoas dançam, pulam ao som de carros com um monte de instrumentos musicais e uma banda cantando músicas em ritmos alucinantes. Chamam aquele carro de trio elétrico e a festa de carnaval. Nunca vi nada igual. Mas, o que é isto? Por que esta bolsa sacode tanto? Será que este rapaz não lembra que estou aqui dentro? Pare, pare, já estou ficando tonto...Desmaio...Acho!
Acordo ao lado de um vidro vazio que tem escrito “ lança perfume”. Ele me chama de babaca. Disse que ele só sobrevive porque o ajudo. Acho que ele é meio louco e seu cheiro me deixa tonto. Lá fora o barulho dos trios elétricos acaba e o dia termina de amanhecer. Somos levados à casa do jovem, onde permaneço na companhia daquele vidro maluco por algumas horas.
Alguém me apanha. Estou tão tonto que não sei descrever sua mão. Sou levado de carro até um local que tem um som muito familiar. Máquinas e mais máquinas. Som de teclados e calculadoras. Sou colocado numa gaveta e mais tarde, me levam para um lugar parecido de onde comecei. Ali recebo até um nome. Alguém me chama de dez reais. Dormi...
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