terça-feira, 27 de outubro de 2009

Violência, um estigma no cotidiano

Vivemos num mundo de contradições e desafios. Mundo conturbado, onde os direitos humanos não são respeitados, as leis são infringidas e as desigualdades sociais imperam. Neste “mais valia”, a fome, a corrupção, a impunidade, a criminalidade, a guerra e a violência aterrorizam a vida da humanidade. Como se vê, a singularidade deste contexto traduz um mundo conflituoso, sintonizado pelas transformações rápidas oriundas da modernização, da globalização, das inovações tecnológicas, das mudanças, já que estas se manifestam em todos os domínios da nossa existência.

Falar de violência nesta ambiência é pertinente e desafiante, porque ela é fruto de uma época em que a liberdade no amplo sentido, é o fator essencial da degradação familiar e da própria sociedade. Liberdade sem disciplina, inserida numa verdadeira inversão de valores, onde o pensamento está banalizado para o consumo e os valores éticos, morais, culturais e sociais que serviam de suporte para a formação dos indivíduos numa convivência pacífica e solidária hoje são relegados.

Fatores preponderantes como justiça, honestidade, solidariedade, fraternidade, amor e religiosidade que instituíam uma referência básica na convivência social das famílias e da sociedade não são mais vivenciados. Circunstancialmente, a palavra violência tornou-se um estigma no cotidiano, ferindo princípios, provocando seqüelas irreversíveis. E o que vemos? Uma pluralidade de violências que nos deixam estarrecidos! É no lar, na rua, na escola, no trabalho, enfim, sua fluidez é explícita em todas as esferas num total desrespeito aos direitos humanos, e porque não dizer à Vida e a dignidade humana.

Nesta sincronia, o mundo vem se transformando de forma ambivalente, condenando-nos a uma época individualista, onde as pessoas são pouco tolerantes. Simultaneamente, perdem a noção dos valores, se tornam “seres mesquinhos”, sem afetividade, amor à vida e ao próximo. Valorizam mais os bens materiais, o importante é o “Ter” e não o “Ser”. Reduzem-se às mesmas condições de “coisas”, sem visão de que as mudanças e as evoluções são decorrentes do processo civilizatório próprio da humanidade, no qual devemos nos adequar e exercer a liberdade de forma responsável, compreendendo nosso papel social como: cidadão, pai, mãe, irmão e filho.

A liberdade excessiva praticada por jovens, é resultado da falta de limites que muitos pais não impõem a seus filhos, para que não sejam taxados de ultrapassados, consentindo com tudo que os filhos querem. Vale salientar que liberdade não é sinônimo de fazer o que se quer, com quem quiser e na hora que tiver vontade, é preciso considerar a existência de regras, princípios e limites que devem ser respeitados. Prova disto é a violência padrão de comportamento que vivenciamos proveniente de uma liberdade desenfreada, onde são perceptíveis a falta de respeito mútuo e a banalização da vida.

O segundo aspecto nos remete à ausência de limites nos atos e ações, em você não saber respeitar o seu espaço e o do outro, não dignificar você e o próximo como pessoas humanas e reconhecer valores. Infelizmente, vivemos numa sociedade de consumo onde crianças, jovens e adultos estão cada vez mais ávidos pelo uso de produtos como: carros, celulares, roupas e tênis de “marcas”, relógios e similares, sem se importarem como vão obtê-los. É aí que muitos fogem das regras sociais e entregam-se às drogas, à criminalidade, as ondas da modernidade agindo de forma irracional. A palavra violência precisa ser banida do cotidiano, o que assistimos é chocante! Filhos matam pais sem nenhum remorso para satisfazerem seu sonho de consumo, outros pela vontade de praticar esta atrocidade, e assim sucessivamente.

Triste mesmo é vermos cotidianamente que vidas são ceifadas, de formas animalescas, pois mata-se instintivamente. O que fica cada vez mais claro, é que a violência é uma questão de educação, reflexão, exige ação, atitude e bom senso. A propósito, ainda há tempo de acreditarmos em Deus, termos fé, de fazermos brotar no coração o amor, dando lugar a um sentimento de convivência pacífica, resgatando os princípios que norteiam e dignificam a vida dos seres humanos, principalmente a sua. Não deixe que a violência seja uma imposição que caracteriza seus atos, faça com que a paz e o amor passem a construir o sentido natural da vida.

Por Joseana Almeida Santana
Jornalista

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