Por Joseana Almeida *
Desde a infância e a adolescência, Zilda Arns, já tornava explícito seu espírito humanitário. Impulsionada por esse sentimento, costumava fugir de casa para cuidar dos filhos dos empregados da família, percorria a cavalo, a colônia onde morava visitando os idosos, doentes e solitários. A família, a religiosidade e a persistência foram o suporte basilar do fortalecimento do seu lado humanístico, transformando-a em um exemplo de cidadania e solidariedade. Simultaneamente, amor, fraternidade e solidariedade estavam impregnados no ar que respirava. Nas ações praticadas, o altruísmo corria-lhe pelas veias, enfatizando a vocação de amparar seus semelhantes. A confluência desses sentimentos deu-lhe motivação a uma causa justa: a responsabilidade social.
Responsabilidade que ela soube exercer sem demagogia, com ética, fórmulas simples, ações concretas, fazendo florescer, nessa missão, milhares de voluntários, tornando evidente que seu interesse maior era salvar, e dignificar vidas, transmitindo amor e fraternidade. Nem as adversidades da vida deixavam-lhe sem ideais. Paradoxalmente, fortaleciam-na fazendo-a crescer espiritualmente e na missão. Evangelizou, orientou famílias, e comunidades para que soubessem cuidar melhor dos seus filhos.Teve a incumbência de mudar o perfil de uma sociedade com ações comunitárias, para dar um basta na mortalidade infantil.
Sua obra foi movida pela generosidade, fortalecida pelo amor, numa demonstração de que só os seres altruístas são capazes de doarem-se sem transgredir seus princípios e amar ao próximo como a si mesmos. O trabalho comunitário era uma dádiva, que propiciava o “bem-estar” do próximo. Em contrapartida, os recursos eram escassos para suprir as necessidades de suas obras, mas, sem perder a serenidade, exclamava: “calma, coragem, esperança, fé, risos, com desespero nada se resolve”. E assim foi sua caminhada.
Deu tudo de si sem esperar nada em troca. Salvou vidas, conquistou o mundo com seu método simples de multiplicação do conhecimento, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois pães, como narra o Evangelho de São João (Jo 6:1-15). Fez o amor brotar em corações e, o fundamental: nos ensinou a essência da solidariedade.
Emocionou o país no momento em que fazia aquilo que ela mais gostava, falando da importância de cuidar das crianças “como um bem sagrado” mostrando-nos que “a construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor e suas raízes na gestação e na primeira infância, transformando-se em fraternidade e responsabilidade social”.
O Brasil chora a morte de uma filha, que serve de referência para o mundo. Que foi uma transformadora social sem perder sua identidade. A lição que nos deixa é o exemplo de cidadania e solidariedade, o legado de salvar vidas.
*Joseana Almeida é Jornalista
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
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