* Por Joseana Almeida
Imagine um menino com apenas cinco anos de idade, ficar órfão de mãe e ser acolhido por uma madrinha que a hostilizava, maltratava. E viver angustiado por conta dessa ambiência, sentir-se perseguido, incompreendido, sem esperanças de como seria sua vida dali para frente, sem falar nas esquisitices que relatava, ao ressaltar que ouvia vozes, tinha visões, conversava com os espíritos, coisas que ninguém podia compreender. Como explicar tal fenômeno? A princípio, achavam que era loucura, perturbação do demônio, elucubração, “fantasias de menino”, os céticos, acusavam-lhe de plágio.
O certo é que a infância e a juventude do menino de Pedro Leopoldo foram marcadas por conflitos simultâneos e intrínsecos, mas via-se consolado pela “figura da mãe” que desencarnada desempenhou um papel importante na sua formação moral e trajetória de vida. Através dos contatos mediúnicos, mostrava-lhe o caminho da obediência e da justiça. Foi nessa sincronia, que Chico Xavier começou a trilhar na mediunidade, e aos 17 anos, viu sua espiritualidade aflorar enigmaticamente através das mensagens mediúnicas.
Doutrinado pelo seu guia espiritual, tornou-se um médium convicto de sua missão, disciplinado, renunciou a riqueza, a troca de favores, presentes e direitos autorais, privou-se do casamento, viveu em harmonia com a natureza, os encarnados e os espíritos desencarnados. Associado à realidade, iniciou na prática da psicografia, ordenado por seus espíritos mentores, logrando êxito, respeito e a admiração das pessoas. Psicografou 451 livros falando da essência da espiritualidade, do ser humano na terra e no universo. Procurou na sua missão mediúnica, estar em consonância com os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec.
Praticou o espiritismo sem mácula, alimentando espiritualmente corpos e almas aflitas, sedentas de amor, justificando a vida na terra. Suplantou desafios acreditando no poder da mediunidade como um bem maior, de conforto e reconforto para os que necessitavam. Preocupando-se em mostrar, que os exemplos são peças fundamentais para o exercício da vida plena. E nos recorda: “O exemplo é uma força que repercute de maneira imediata, longe ou perto de nós, não podemos nos responsabilizar pelo que os outros fazem de suas vidas; cada qual é livre para fazer o que quiser de si mesmo, mas não podemos negar que nossas atitudes inspiram atitudes, sejam para o bem ou quanto para o mal”.
Como um bom médium, nos fez entender que a caridade é um exercício espiritual. Segundo ele, quando somos convocados pelos espíritos para praticar a caridade, eles estão nos orientando no sentido da nossa própria evolução, não se trata apenas de uma indicação ética, mas de profundo significado filosófico. Enriqueceu nosso espírito, com mensagens mediúnicas semeando amor, esperança e fé. E com a humildade, e a sabedoria, dos que são evocados para uma missão específica, nos deu lição de desprendimento, resignação e tolerância declarando: “Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito”. No mesmo raciocínio alertava: “Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: é não julgar, definitivamente não julgar a quem quer que seja”.
Chico Xavier foi um líder espiritual que projetou o espiritismo no Brasil, e viveu efetivamente, o amai-vos uns aos outros numa demonstração de que o caminho do amor é que é o único possível.
*Joseana Almeida é Jornalista
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