O sentido da política

Por Joseana Almeida *

Em época que se vê a corrupção e a impunidade subsidiando a política, é importante trazer para o contexto atual o que é política. A propósito, falar de política nesta conjuntura, é deprimente e hilariante, porque nos faz relatar a falta de caráter, de políticos artificiosos que se apoderam do poder para proveito próprio. Nesta ambiência, é explicita a falta de discernimento do que seja público ou privado, os conchavos, as artimanhas e o total desrespeito com a nobreza dos sentimentos do povo brasileiro. Pertinentemente, a simultaneidade desses fatores demonstra a descaracterização da palavra política e o ponto de partida para se dar ênfase ao seu verdadeiro sentido.

Derivado do adjetivo originado de polis (politikós) política significa, tudo que se refere à cidade e conseqüentemente, o que é urbano, civil, público e até mesmo sociável e social. Segundo Aristóteles, a política deve ser considerada como o primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado, e sobre as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do governo, isto é de reflexão, não importa se com intenções meramente descritivas ou também normativas, dois aspectos discrimináveis, sobre as coisas da cidade.

Já a escritora Hannah Arendt vai mais além: “ A pergunta sobre o sentido da política exige uma resposta tão simples e tão conclusiva em si, que se poderia dizer que outras respostas estariam dispensadas por completo. E sinaliza: o sentido da política é a liberdade. Partindo desta concepção, ela explicita que a política surge não no homem, mas sim entre os homens, a liberdade e a espontaneidade dos diferentes homens são pressupostos necessários para o surgimento de um espaço entre homens, onde só se torna possível a política, a verdadeira política. Isto significa, que a política, deve ser fundamentada no agir responsável e na liberdade de escolha.

Discorrer sobre política, é trazer à tona a frase de Aristóteles: o homem é um animal político, porque não vive só. A própria natureza humana exige a vida em sociedade.. Este enunciado, expressa com nitidez que política se refere à vida na polis, à vida em comum, às regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e às decisões sobre todos estes pontos.

Evidenciar política é estabelecer relações entre os processos culturais, históricos sociais e políticos. É mostrar que a política tem a ver com as condições básicas da existência humana, sendo portanto a conjugação das ações dos indivíduos e grupos humanos dirigindo – as a um fim comum.

Explicitamente, política é uma palavra que requer reflexão, estudo, análise retrospectiva da sua origem, pois emite ambigüidade de conceitos.Todavia, ela está inserida de forma positiva em nossa vida, no contexto social como sinônimo de liberdade, democracia, interesses coletivo, bem estar, conjugação de ações e poder.

De acordo a teoria, e o que se vivencia, é fundamental expressar que política é a base que dá consistência aos direitos humanos, que fornece necessariamente subsídios para a concretização dos anseios de uma coletividade, é a força que impulsiona a organização social e os conflitos em sociedade. O objeto da política , é promover o bem comum, os interesses da coletividade, à vida em sociedade. Seu valor poderia ser definido como a liberdade de escolha.

De forma simplificada, política é o suporte basilar da democracia e dos direitos humanos, deve ser tratada como algo essencial à nossa existência, que diz respeito também a ética, e existe como referência para os homens em sociedade. Estando associada à objetivos, normas, regras, poder, decisões, direitos, igualdade, justiça, honestidade, respeito à cidadania.

Entretanto, a história da humanidade e os fatos de todos os dias e de todos os lugares, demonstram que onde existirem pessoas vivas, existirão: conflitos, guerras, violência, impunidade, mensalões, CPIs, dinheiro enfiado nas meias e afins, falta de caráter e desrespeito com a coletividade e a coisa pública.

*Joseana Almeida é Jornalista