sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ética: um exercício diário

*Por Joseana Almeida

Falar em ética é importante nos dias de hoje, em virtude da inversão de valores que vivenciamos no contexto social. Mas falar em ética implica uma reflexão acerca das normas de conduta, dos valores éticos, morais e culturais que norteiam não só as leis da convivência, mas o exercício diário das ações dos indivíduos na sociedade. É explícito, que valores basilares estão diluindo-se por conta de fatores como: desestruturação da família, a falta de respeito ao outro, as leis e o descomprometimento com a verdade e a justiça. Nesta ambiência, os indivíduos vão perdendo referências que são essenciais para o equilíbrio da sociedade, tornando-se individualistas, sem amor, sem respeito à vida e ao bem comum.

Substancialmente, estes valores dignificam o ser humano. A ausência deles cria paradoxos, formando círculos viciosos que estimulam a degradação da sociedade. Inserida neste contexto, a falta de justiça, torna-se, então, o elo dinamizador da impunidade, da hipocrisia e do desrespeito aos direitos humanos. Você olha ao redor e percebe que é necessário contribuir de forma decisiva neste processo, mostrando a realidade dos fatos com responsabilidade e ética, pois esse é um fator preponderante para o exercício da cidadania. Mas isto significa que não devemos nos referir à ética só como teoria, mas como fruto das nossas ações diárias. Neste sentido, o jurista Dalmo de Abreu Dallari nos ensina que a ética ou é praticada ou não existe.

O fato é que cada cidadão deve agir consciente do seu papel, procurando consolidar ações no sentido do bem comum, refletindo sobre os valores, porque a ética é o invólucro do comportamento humano, o sujeito da ética é o homem, e o objeto dela é o ato humano. A ética é a ciência do comportamento, ela surge como parâmetro para frear nossos impulsos, mostrar que nossas ações e decisões afetam o próximo, pois existem comportamentos passíveis de serem classificados de bons e maus, certos e errados. Ela é senão, a conduta dos indivíduos em relação aos outros, e vice-versa, na condução do bem, alicerçada em valores morais, num conjunto de princípios e disposições voltadas para a ação. Produzida por meios históricos cujo objetivo é restringir as ações humanas.

A ética existe como uma referência para os homens em sociedade e está associada à idéia de conduta virtuosa, como a dignidade, a justiça, a honestidade, a solidariedade, etc. Além disso, pode e deve ser incorporada por todos sob a forma de uma atitude e de exemplos na vida cotidiana. Por esta razão é que a ética não basta como teoria. Ela deve estar inserida nas nossas ações diárias, através de normas de conduta, valores éticos e morais, no respeito aos direitos humanos, na construção de uma sociedade justa, com respeito à cidadania. A respeito da ética, Gabriel Chalita acrescenta que “ética é, ao mesmo tempo, teoria e prática, reflexão e ação, consciência de limites e caminho de libertação”. A ética se fundamenta na cultura, como conjunto de características estabelecidas que dão identidades a um grupo, e na vida dos indivíduos, como agentes transformadores da sociedade.

Na mesma linha de pensamento, o jornalista Rushworth Kidder, reforça esta definição explicando: “existem valores éticos universais independentemente das raças, sexos, classes sociais ou qualquer fator de diferença entre os homens como: amor, verdade e justiça”. Para este autor, esses valores devem inspirar o código de conduta do jornalista. Em síntese, a ética é caracterizada pelo caráter, pela conduta pessoal do indivíduo. A essência da ética está na consciência de cada um, nas nossas ações, no aprimoramento da nossa liberdade de ação em beneficio da coletividade, e ser ético implica: reciprocidade, justiça e amor à verdade.

* Joseana Almeida é Jornalista

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