segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eleições e escândalos

* Por Joseana Almeida


Tratar o processo eleitoral como fonte de escândalos, denúncias e fabricação de dossiês é não atentarmos para o seu verdadeiro valor. Eleição é um ato de escolha, participação popular, um processo democrático que deve ser respeitado, para que não haja retrocesso na singularidade da sua historicidade. O fato é que eleição representa um ato cívico objetivando o bem comum, por isso necessita de consciência política dos governantes e dos governados. Além disso, um exercício de cidadania que mostra o papel do cidadão, fazendo-o refletir sobre o debate das propostas dos candidatos. Entretanto, o processo eleitoral vem passando por transformações sociais onde se vê evidenciada a decadência dos valores que deveriam nortear o fortalecimento das eleições e da democracia.

Nesse contexto, por razões adversas, alguns insistem em maquiar o verdadeiro sentido da eleição. O que vemos cotidianamente é uma prática não convencional que virou mania no processo eleitoral, os escândalos. Assustadoramente eles passaram a abastecer a propaganda eleitoral e todo noticiário. São denúncias conduzidas por interesses, conveniências, que tem como objetivo desestabilizar a candidatura de quem está liderando a pesquisa e, simultaneamente, manipular e confundir o povo. Sem sutileza, apregoam bate boca de políticos, quebra de sigilo fiscal, bancário, tráfico de influência, extorsões e por aí vai. São fatos corriqueiros que o povo não tinha conhecimento, porque não eram divulgados. Diferente do que evidenciam, é essencial mostrar que deve ser investigado. Por que só agora veio à tona?

O certo é que o processo eleitoral está descaracterizando-se, servindo de alicerce para ataques de revanchismo, preconceito, acusações, denúncias e escândalos. Este tipo de artifício fere a democracia, subestima a inteligência e a dignidade do eleitor. O povo não pode retroceder dos seus direitos, do livre arbítrio do voto consciente, nem ficar refém do medo, porque vulnerável nesse processo é a estabilidade social. É importante ressaltar que o povo é o esteio da democracia, e democracia se faz fundamentada em direitos e deveres, conquistas e anseios. Portanto, é nessa simultaneidade de fatos, que fica evidente a soberania de um povo.

* Joseana Almeida é Jornalista

2 comentários:

Equipe Eleitor 2010 disse...

Aproveitando o gancho de seu post, gostaria de apresentar uma plataforma alternativa para denúncias feitas pela população: o Eleitor 2010, um projeto colaborativo, apartidário e sem fins lucrativos que pretende ser um grande observatório das eleições segundo a ótica do eleitor.

http://eleitor2010.com/

É muito fácil de usar, e para enviar um testemunho (que pode ser anônimo) basta preencher os dados necessários no link:

http://eleitor2010.com/reports/submit

As denúncias feitas pelos eleitores (em forma de texto, fotos, áudio ou vídeo) serão mapeadas e ficarão a disposição da imprensa e autoridades, que podem então investigá-las a fundo.

Conceição Pedreira disse...

Parabéns pelo texto! Vale uma boa reflexão para este momento de eleição. É preciso que os politicos respeitem a vontade popular e deixe de pensar que a sociedade é formada por tolos e ignorantes.