Por Zezé Esteves
Dias atrás fui surpreendida com a prisão de Colbert Martins para quem prestei serviços como Assessora de Imprensa desde sua candidatura a prefeito de Feira, em 2008, até início deste ano quando deixou a Câmara dos Deputados. A minha primeira reação foi pensar que se tratava de uma brincadeira de mau gosto. Após confirmação, fiquei pasma e incrédula. A indignação não foi só minha, mas de todos os segmentos da sociedade feirense e do mundo político a nível nacional. Em três anos de trabalho ao lado deste homem aprendi a admirá-lo principalmente pela sua honestidade e pelo seu jeito sério de ser. Seriedade confundida por aqueles que não o conhece bem, como arrogância, ou “metidez”. Descobri que essa “metidez” dele tem um nome e uma explicação: timidez. Com a convivência descobri que Colbert é tímido sim, e muito, o que contrasta com seu perfeito domínio em entrevistas e debates. Prefere, muitas vezes, o anonimato aos holofotes, mesmos estes o favorecendo politicamente.
Seriedade ao ponto de não nos permitir e não adentrar em casas comerciais durante suas caminhadas em plena campanha política, apenas para não incomodar os vendedores e não atrapalhar as vendas. Seriedade em não querer revidar insultos de adversários políticos. “Não vale a pena fazer o mesmo”, dizia, mesmo na efervescência da campanha e com a insistência de muitos. Seriedade ao não aceitar votos em troca de favorecimentos . "Pode votar em outro candidato. Meu voto eu não compro", dizia quando insistiam.
No meu primeiro dia como sua assessora, confesso que fui muito temerosa achando que não ia dar certo trabalhar com aquele homem “metido” (também pensava assim), de poucas palavras, já que sou extrovertida e tagarela. Viajamos nesse dia para Humildes onde visitamos a feira livre local. Ali ele comentou comigo que aquela feira antes era maior e que estava visivelmente acabando. Perguntei-lhe se poderia usar esse argumento como gancho para escrever uma matéria sobre sua visita e ele me respondeu: “Desde que você não aumente nem diminua o fato ao meu favor...pode sim”. Foi naquele momento que comecei a admirá-lo como pessoa.
Elogiava meu profissionalismo, gostava dos meus textos, mas raramente das minhas fotos. "É culpa da máquina", lhe respondia sorrindo. Fomos a muitos programas de rádio, viajamos muito, visitamos quase todos os bairros de Feira, distritos e povoados. Muitas foram as oportunidades de ficarmos sozinhos. Nesse período constatei que Colbert também é um homem muito, muito respeitador. Religioso até demais. Adora assistir as missas até o último "Amém", mesmo com compromissos urgentes e atrasados na agenda.
Descobri também que aquele cara com quase dois metros de altura (“Pernalonga”, como dizia o falecido prof. Almeri), é também muito carismático. Carismático com crianças. Estas sabem como desarmá-lo, fazê-lo sorrir muito, esquecer a timidez e transformá-lo noutra criança. Testemunhei Colbert deixar de atender a cabos eleitorais, assessores ou telefonemas importantes de Brasília, para ficar de “papo” com os pequenos.
Durante a campanha para prefeito em 2008, interrompemos por vários minutos uma caminhada no bairro Feira X porque uma criança lhe fez um convite surpresa: queria que Colbert cantasse os parabéns com ele. Imediatamente Colbert deixou a todos sem explicações, saiu de fininho e anonimamente foi atendê-lo. Nunca resistiu a um sorriso, um chamado ou um aceno infantil. Diferente dos adultos, a criançada exerce um domínio incrível sobre ele. E ele sorri muito, sorri como menino feliz, sorriso que muitos desconhecem.
Nesses últimos dias, ao contrário, ele não tem sorrido. Pregaram-lhe uma peça. Acusações que não parecem ser feitas para ele e fotos que o humilham. Mas acredito que se trate de engano ou de armação. Acredito na sua inocência. Na minha opinião, ele ingenuamente “entrou de gaiato no navio”, como canta a banda Os Paralamas do Sucesso, e como também diz a letra da música, acho que “entrou por engano” nesse navio que infelizmente, está cheio pessoas com índoles diferentes da dele.